Salto alto, cabelos loiros e óculos de sol com lentes enormes, a publicitária Valéria Inati, 45, deixou seu apartamento em um condomínio e saiu tocando interfones dos prédios residenciais vizinhos.
A ideia era falar com síndicos e arrecadar dinheiro suficiente para pagar uma empresa de segurança que desse fim aos assaltos –alguns deles seguidos de tiroteios.
O porta a porta iniciado em 2011 surtiu efeito. Pelo menos 660 moradores participam de “vaquinha” para pagar pela segurança da rua Símbolo, no Morumbi, bairro de elite da zona sul de SP.
Homens com colete à prova de balas sob ternos e radiocomunicador nas mãos ficam de olho nos movimentos na rua. Ali, roubos ocorriam dia sim, dia não –agora, dizem moradores, diminuíram.
O homem, que circula a bordo de um carro da empresa de vigilância, é parte das ações tomadas por moradores após a alta da violência.
Polêmicos muros foram erguidos em terrenos na rua. Com cerca de 2,5 m de altura, separam a via da antiga trilha que dava acesso à favela de Paraisópolis e foram colocados por donos de terrenos, notificados pela prefeitura.
Habitantes dos edifícios de classe média alta acham que foi uma maneira de acabar com rotas de fugas de ladrões, mas a medida desagradou a quem vive em Paraisópolis.
MAIS RUAS
A Samovis (Sociedade Amigos do Morumbi e Vila Suzana) busca parceiros para “blindar” outras ruas do bairro. O modelo da rua do Símbolo será usado amanhã em reunião em escola do bairro.
Serão apresentados projetos para câmeras nas ruas e um programa de monitoramento em que zeladores e moradores farão uma espécie de rede de segurança por meio de aplicativo de celular.
“Está cada vez mais evidente que os bandidos elegem ruas menos protegidas e, nelas, o edifício menos protegido como alvo mais factível aos seus nefastos propósitos”, afirma um trecho do convite do evento, assinado pelo presidente da Samovis, Jorge Eduardo de Souza.
A rua escolhida para o plano-piloto é a José Galante, frequente alvo de assaltos e arrastões em condomínios.
Fonte: Folha.com