Moradores da Pompeia não são os únicos insatisfeitos com a atual divisão da cidade. Desde que o atual mapa administrativo de São Paulo foi adotado, em 2003, não ocorreu nenhuma mudança no número ou no traçado das 31 subprefeituras da capital. Mas houve 12 propostas para a criação de subprefeituras e uma para um novo distrito. Nenhum texto chegou a ser aprovado pela Câmara Municipal.
Os projetos pedem a criação das Subprefeituras Morumbi, Paulista, Tatuapé, Cursino, Heliópolis, Sapopemba, Jaraguá, Brás-Pari, José Bonifácio e Grajaú. Também há dois pedidos para dividir as Subprefeituras da Casa Verde-Cachoeirinha e da Freguesia do Ó/Brasilândia. Em todos os casos, os vereadores destacam a relevância socioeconômica das regiões e argumentam que a maior descentralização da máquina administrativa traria benefícios. Na Câmara, há quem avalie, no entanto, que os projetos são uma maneira de agradar à base eleitoral nos bairros “emancipados”.
Para Ricardo Teixeira (sem partido), autor da proposta que cria a Subprefeitura do Morumbi, a cidade precisa de mais do que as atuais 31 administrações regionais. “Na zona sul, a Subprefeitura do Campo Limpo cuida de realidades totalmente distintas no Morumbi, que é área nobre, e no próprio Campo Limpo, com regiões mais carentes. Deveria ocorrer uma separação”, defendeu o vereador. “Apesar de ser da zona leste, atendi ao pedido de uma associação de moradores do Morumbi.”
Dúvidas. Até habitantes dos bairros atingidos pelas propostas têm dúvidas sobre a eficácia da criação de novas estruturas. “Se for criar uma subprefeitura para funcionar no formato das que já existem, sem nenhuma participação da comunidade, aí não resolve nada”, diz Buiu, líder comunitário de Heliópolis. Segundo ele, a situação só melhoraria com mais investimentos em saúde, educação e infraestrutura. “Como vão fazer isso com o orçamento de uma sub como a do Ipiranga, que possui só R$ 31 milhões para uma área de quase 600 mil habitantes?”
Fonte: O Estado de S. Paulo