Exposição gratuita no Palácio dos Bandeirantes mostra quimonos luxuosos que correm risco de desaparecer

Parte de uma rara coleção de 400 quimonos luxuosos do acervo do Museu Histórico da Imigração Japonesa do Brasil (MHIJB) vai ganhar uma exibição gratuita no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, a partir de 29 de maio. A exposição “A Arte dos Quimonos e as Gravuras Japonesas do Acervo Artístico dos Palácios” marca os 105 anos da imigração japonesa no Brasil, comemorada em 18 de junho, quando o navio Kasato Maru desembarcou a primeira leva de imigrantes no Porto de Santos, e os 35 anos da fundação do MHIJB. Ao lado das 30 peças de quimono estão expostas uma série de 30 ukiyo-e, gravuras produzidas no Japão, no século XIX, que fazem parte da coleção do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo.

A mostra também marca o lançamento da campanha de arrecadação de recursos para a construção de uma reserva técnica, espaço adequado para armazenar os quimonos a ser construído na sede do MHIJB, na Liberdade. As peças estão armazenadas de forma inapropriada no Museu, o que pode comprometer a conservação. “Quando o Museu da Imigração Japonesa nos apresentou o projeto resolvemos acolher a exposição que tem um caráter comemorativo e, ao mesmo tempo, social”, afirma Ana Cristina Carvalho, curadora do Acervo Artístico Cultural dos Palácios, responsável pela montagem da exposição.

“Os quimonos revelam a beleza da tradição japonesa”, afirma a curadora convidada Denise Mattar, responsável pela seleção das 30 vestim entas, das quais 24 são exibidas em vitrines e seis em manequins. Um dos mais notáveis é um quimono de 12 camadas, uma reprodução da vestimenta que costumava ser usado nas cortes japonesas na era Heian (795-1185). “Cada quimono tem uma estampa única e esplendorosa, é uma peça exclusiva e artesanal”.

Os quimonos estão divididos pelos temas das estampas (objetos, leques, fitas) e técnicas de confecção (pintados, bordados, tramas). A delicadeza da produção é tamanha que há quimonos bordados com fios de ouro. Como no Japão as estações do ano são bem definidas, ainda há um quimono para cada época, que serão mostradas na exposição.

Há trajes específicos apenas para casamentos, que promete ser uma das atrações da mostra. “Os quimonos tem um valor espiritual para os imigrantes japoneses”, afirma Lidia Yamashita, vice-presidente do Museu Histórico da Imigração Japonesa do Brasil. “Os quimonos de casamentos, por exemplo, foram doados por japoneses que sonhavam que as filhas fossem se casar com trajes típicos”.

A moda dos quimonos



Os quimonos fazem parte e se tornaram um dos símbolos da milenar tradição japonesa. A partir do século XIX, na esteira da Restauração Meiji, quando o Japão abriu as portas e os portos para a influência ocidental, o quimono quase deixou de ser usado no Japão, mas curiosamente causou uma revolução na moda ocidental. Inspirado pelas roupas japonesas o costureiro Paul Poiret criou peças que aboliram o espartilho libertando o corpo das mulheres da Belle-Époque. Nas últimas décadas, a tradição foi resgatada e se tornaram peças fashion. Voltaram a fazer sucesso, principalmente no verão, quando os jovens japoneses saem às ruas para ver os festivais de fogos de artifício usando tecidos mais leves e coloridos.

A partir da estrutura do quimono uma segunda revolução foi feita na moda ocidental, nos anos 1980, pelos estilistas Hanae Mori, Rei Kawakubo, Yoji Yamamoto, Issey Miyake, Kansai Yamamoto e Kenzo que trouxeram para as passarelas peças mais livres e soltas. Hoje os quimonos são cultuados no Ocidente. Ganharam versões sofisticadas nas mãos de Pierre Cardin, Saint Laurent, Givenchy, John Galliano, entre outro e vestiram celebridades pop como Madonna, Lady Gaga e Amy Winehouse. Estilistas brasileiros como Walter Rodrigues, Jum Nakao também aderiram às influências japonesas.

Gravuras

A coleção de 30 gravuras produzidas no Japão, no século XIX, pertencente ao Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo também integra a mostra. Denominadas ukiyo-e, as gravuras refletem a estética do mundo flutuante associada à prosperidade da cultura urbana nipônica no período Edo (1600-1867), envolvendo o processo de impressão sobre papel de palha de arroz em xilogravura. A temática aborda o teatro kabuki, os guerreiros e as mulheres de en tretenimento, também conhecidas como figuras bonitas. O quimono é retratado constantemente, revelando o requinte das técnicas de tessitura, tingimento e tecelagem e o significado que desempenha perante as relações sociais. Segundo a curadora do Acervo-Artístico, Ana Cristina Carvalho, “a imagem dos quimonos é, portanto, a ponte que integra as duas coleções”.

Patrocínio
A exposição conta com o patrocínio da Fast Shop, Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ Brasil S/A. E ainda conta com o apoio da Sakura, Semp Toshiba, Holding Santa Ercília.

Serviço no bairro do Morumbi

Palácio dos Bandeirantes
Avenida Morumbi, 4500
Morumbi – São Paulo/SP
Data: de 29 de maio a 28 de julho
Horário de visita: de terça a domingo, das 10h às 17h (de hora em hora)
Informações (11)2193-8282 [email protected]
Grátis

Fonte: Governo de SP





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