Moradores colocam faixas criticando ação da polícia após crimes no Morumbi

Moradores do Morumbi resolveram protestar de uma maneira diferente contra os diversos roubos e mortes ocorridos nos últimos tempos no bairro. Desde o fim da última semana, duas faixas colocadas em vias diferentes alertam sobre o perigo dos assaltantes que passam de motocicletas e a falta de policiamento no local.

Uma das faixas fica na esquina da Rua Dom Paulo Pedrosa com a Avenida Barão de Campos Gerais. A outra fica em frente a um prédio em construção na Rua Américo Alves. Ambas são localizadas perto de locais onde ocorreram dois crimes recentes: a morte do diretor de marketing Fernando Ferro e o assassinato de um soldado da Polícia Militar Ambiental que aguardava a namorada em frente a um prédio.

Os moradores não souberam dizer de quem partiu a iniciativa, mas a aprovaram as faixas. “Achei ótimo, é realmente isso que está ocorrendo. Há dois meses teve um reforço no policiamento, mas depois parou, e eles [os policiais] passam bem raramente. Esses dois crimes foram chocantes. O bairro era ótimo, mas agora a gente anda apavorado”, contou a aposentada Vera Gonçalves, de 60 anos, que mora há 25 em um prédio da Rua Dom Paulo Pedrosa.

Segundo a aposentada, os assaltos costumam ocorrer no fim do dia, quando começa a anoitecer, e são sempre feitos por homens em motos. Durante o dia ela ainda sai de casa a pé – na manhã desta terça-feira (14) caminhava com seu cachorro pelo quarteirão –, mas não esconde o receio. “Preciso viver, andar, sair com o cachorro. Não dá para ficar trancada em casa. Mas vou rezando”, explicou.

O mesmo caso não acontece no prédio que fica na esquina em que a faixa foi colocada. Segundo o porteiro Expedito Tagino da Silva, de 37 anos, há um ano e dois meses no local, quem vive no prédio quase não sai mais a pé – está sempre de carro, com os vidros fechados.

Ele conta que o medo se tornou maior depois que um dos moradores foi baleado em uma tentativa de assalto em frente ao condomínio, no ano passado. Na ocasião, os criminosos chegaram a atirar na guarita – que é blindada –, fato que todos na região ainda se lembram. “Aqui a situação está difícil. Temos que ficar muito ativos e espertos. Os motoqueiros ficam escondidos, agem quando não tem ninguém por perto”, contou Silva.



Alguns moradores creditam a iniciativa aos parentes de uma das vítimas dos crimes na região. A repercussão na primeira semana após a instalação das faixas era grande nas ruas. Em uma padaria em frente à faixa da Rua Américo Alves, duas mulheres, que não quiseram se identificar, comentavam o conteúdo, elogiando a iniciativa e criticando a ação pública. “Onde está a polícia quando nós precisamos, quando acontece isso? Tem que colocar a faixa mesmo”, disse uma delas.

Para a executiva de contas Maria Laura Barroso, de 37 anos, a colocação das faixas é uma forma da população começar a agir para tentar mudar a situação. “Acho interessante começar a se mobilizar. A gente não pode permitir isso, e tem que ajudar o governo, chamar a atenção de uma forma diferente”, disse ela.

Maria Laura lembra do susto que levou no dia da morte do soldado que aguardava a namorada, no início de junho. “Eu fiquei muito assustada, tinha acabado de chegar em casa. Como moro no segundo andar, ouvi os tiros, tenho uma filha pequena, achei que era dentro do prédio, dentro de casa”.

Segundo Camilo José Nascimento, zelador há 13 anos de um prédio na região, os criminosos também montam disfarces para agir. De acordo com ele, há cerca de duas semanas uma visitante do prédio teve sua bolsa roubada por um homem que fingia entregar pizzas para uma festa que ocorria no local. “Essa rua é um perigo. Estão pensando em colocar segurança particular, mas não adianta, os assaltantes mudam de abordagem”, contou.

O tenente-coronel Rui Conegundes de Souza, da Polícia Militar, informou no início da tarde desta terça que o policiamento na área está sendo feito de maneira correta e que a falta dele na região não procede.

O tenente-coronel disse que houve uma redução do índice de roubos na região, patrulhada pela 2ª Companhia do 16º Batalhão da PM, em relação aos últimos anos. “Procuramos trabalhar com base nesses índices, e quando há um aumento das ocorrências, intensificamos o policiamento”. Segundo ele, as denúncias feitas nas faixas só colaboram para gerar mais insegurança na população.





Deixe seu comentário