A Vila Andrade, na zona sul de São Paulo, foi o distrito da capital que mais cresceu na última década. A população do bairro subiu cerca de 72%, saltando de 73.649 para 127.015. No mesmo período, a cidade registrou um incremento quase dez vezes menor – de 7,8%.
O lançamento de novos imóveis residenciais e a criação de uma boa infraestrutura de serviços são apontados por moradores e urbanistas como explicações para o crescimento.
“O bairro está perto do Morumbi, que também teve um crescimento significativo, e, ao que me parece, teve muitos lançamentos para a classe média na última década”, avalia o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie Luiz Guilherme Castro, especialista em planejamento urbano. Vizinho da Vila Andrade, o bairro do Morumbi, também na zona sul, registrou um crescimento de 35%, passando de 34.588 moradores para 46.957.
Nos últimos dez anos, a Vila Andrade ganhou 15.781 apartamentos, segundo o Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi). A região passou a chamar a atenção do mercado pela disponibilidade de terrenos. “As construtoras ainda compram terrenos mais baratos em relação ao Brooklin e ao Morumbi”, explicou o corretor imobiliário Dirceu Donado, que atua na região há 25 anos.
“Acredito que as pessoas estão vindo para o bairro por causa do custo benefício”, afirmou o bancário Duilio Magalhães, de 30 anos. Após dois meses de procura, ele comprou um apartamento a poucos metros do Shopping Jardim Sul, e deixará a Vila Mariana, onde mora de aluguel.
“Aqui tem acesso para a Marginal (do Pinheiros), shopping, mercado. Tudo que eu terei aqui eu tinha lá.” A diferença, ressalta, é que gastará menos com o condomínio e pagou R$ 180 mil pelo imóvel. “Agora, na Vila Mariana, um apartamento igual não sairia por menos de R$ 320 mil.”
Encolhimento. Na outra ponta da tabela, a Vila Medeiros, na zona norte, foi o distrito que, proporcionalmente, mais perdeu moradores. Em 2000, a Vila Medeiros tinha 140.564 habitantes. No ano passado foram contabilizados pelo IBGE 129.919, uma redução de 7,57%.
Os moradores do bairro não entendem por que tanta gente se mudou. “É curioso. Não é um lugar ruim”, disse o microempresário Reginaldo Machado, de 54 anos, morador do bairro há 20 deles. “Não tem problema de enchente, o custo é compatível, tem transporte e estamos cercados de colégios.” Diferentemente da Vila Andrade, repleta de edifícios, a Vila Medeiros é ocupada majoritariamente por casas.
Fonte: O Estado de S. Paulo