Os peritos devem levar pelo menos dois meses para avaliar as obras da mansão onde vivia o ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira. A identificação começou na última quarta-feira pelo arquiteto italiano Alberto Sauro.
Segundo Sauro, são mais de quatro mil peças de vários autores que estão espalhadas pelos quatro mil metros quadrados da casa do ex-dono do Banco Santos, no Morumbi, na Zona Sul de São Paulo. Cid Ferreira e a mulher, Márcia de Maria Costa Cid Ferreira, foram despejados da mansão no último dia 20 . A ordem de despejo foi dada pelo juiz Régis Rodrigues Bonvicino, da 1ª Vara Cível do Fórum de Pinheiros, que, em dezembro do ano passado, julgou procedente ação da massa falida da Atalanta Participações, uma das empresas ligadas ao Banco Santos.
Três seguranças de Cid Ferreira ficarão na residência até a semana que vem para ensinar os peritos a mexer no sistema eletrônico da casa. Jornalistas do GLOBO foram autorizados a entrar na mansão pelo juiz Bonvicino.
Nesta quarta-feira, curadores do Museu de Arte Moderna (MAM) foram até a mansão, projetada pelo arquiteto Ruy Ohtake, analisar as obras. Sauro disse que Cid Ferreira tinha um gosto próprio, ou seja, não se importava muito com a opinião de especialistas.
O ex-banqueiro tem na residência, que deve ir a leilão, obras modernas e contemporâneas de autores brasileiros e americanos, principalmente. Há menos obras de artistas europeus. Logo na entrada, é possível ver a pintura do artista americano Sol Lewitt. A sala concentra obras valiosas. Segundo um perito, em uma das paredes laterais as obras estão avaliadas entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões. Uma delas é de Di Cavalcanti.
No jardim estão esculturas de Niki de Saint Phalle e Tunga. O heliponto tem desenhos em cidrotil de Ruy Ohtake. O local, no entanto, é um dos mais mal conservados. De lá, Cid Ferreira embarcava em seu helicóptero até a sede do Banco Santos, do outro lado da Marginal Pinheiros. A aeronave não percorria mais de um quilômetro, passando por cima apenas do Jóquei Clube de São Paulo e do Rio Pinheiros. Com isso, o ex-banqueiro evitava o trânsito sempre congestionado das pontes Eusébio Matoso e Cidade Jardim. A residência fica ao lado da mansão da família Safra.
O Banco Santos foi liquidado em 2004 depois que o Banco Central (BC) descobriu um rombo de cerca de R$ 700 milhões em sua contabilidade. A dívida total da instituição hoje é avaliada em algo próximo a R$ 3,5 bilhões, dos quais cerca de R$ 500 milhões já teriam sido devolvidos a credores.
Fonte: O Globo