Corretores de imóveis já o apelidaram de “elefante branco”. E até mesmo a construtora que o ergueu, a Adolpho Lindenberg, admite o fiasco: o que era para ser um empreendimento disputado por famílias classe AAA encalhou. Foram poucos os que escolheram viver no prédio do Morumbi, que abriga os maiores apartamentos da cidade, com 1.223 m² cada um.
Localizado em uma das regiões mais nobres do bairro da zona sul –próximo à casa de Silvio Santos–, o edifício Adolpho Carlos Lindenberg foi lançado em 2006 e entregue em 2009. Possui 12 apartamentos, cada um com seis suítes e 12 vagas na garagem.
Passados quase três anos, sete unidades foram vendidas, o que a própria construtora considera um resultado abaixo de qualquer expectativa. A falta de compradores ainda causa um prejuízo extra, já que a empresa paga a taxa de condomínio dos imóveis vazios, cujo valor não revela.
O resultado motivou a companhia a diminuir os investimentos no Morumbi. “Hoje em dia, o bairro sofre muito com o trânsito e isso pesa. As pessoas valorizam mais os bairros do outro lado do rio [Pinheiros].
É difícil comercializar nessa região”, afirma Adolpho Lindenberg Filho, diretor da construtora. Segundo ele, o metro quadrado da área tende a custar 20% menos do que em outros bairros disputados pelo mercado imobiliário, como o Alto da Lapa, na zona oeste de SP. “Hoje, procuramos terrenos na Vila Mariana, no Tatuapé e na Aclimação”, diz.
Cada unidade do empreendimento –que, segundo o diretor, foi comercializada na planta por cerca de R$ 6 milhões– hoje é vendida por cerca de R$ 10,4 milhões. “Não diria que valorizou, apenas sofreu uma correção. Não acompanhou o que ocorreu no restante da cidade.”
Para ele, o perfil do bairro mudou ao longo dos anos. “O Morumbi se transformou. Na parte conhecida como Cidade Jardim, há casas muito boas, mas a segurança é complicada.”
Quem tem como missão comercializar as unidades encalhadas reclama. Uma corretora que pediu para não ser identificada afirma que atualmente quase não existe procura pelos apartamentos. “Houve uma época em que muitos curiosos nos ligavam. Agora, nem isso. Os interessados de porte compraram no lançamento”, diz.
Fonte: Folha.com