O presidente do Comitê Executivo de São Paulo para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, Caio Carvalho, não poupou críticas ao presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, ao tratar da possibilidade de a CBF vetar o projeto do Morumbi para receber partidas do mundial. Em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta terça-feira (15), Caio Carvalho caracterizou como “piada”, repetidas vezes, a possibilidade de um novo estádio ser construído na cidade, para receber a abertura da competição.
Após a vitória do Brasil sobre a Coreia do Norte, nesta segunda, pela primeira rodada do Grupo G da Copa do Mundo, na África do Sul, o assessor de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva, chamou os jornalistas presentes no Ellis Park para avisar que na quarta a entidade soltaria uma “bomba” por meio de nota oficial em seu site. O aviso foi entendido como um alerta sobre um possível veto ao Morumbi.
Entrevistado pela Rádio Bandeirantes, Caio Carvalho, presidente da SPTuris e do Comitê Executivo de São Paulo para Copa, visivelmente irritado, foi duro ao criticar Marco Polo Del Nero, presidente da FPF, e que seria o responsável, nos bastidores, pela iniciativa de construção de um novo estádio na cidade paulista. “Pelo visto o Marco Polo vai pagar a conta, vai pagar um bilhão de reais, com dinheiro dele. Porque se for com dinheiro público é criminoso”, sentenciou
Ironicamente, Carvalho repetiu também diversas vezes que está “muito animado” com a possibilidade de Marco Polo erguer um estádio para 85 mil pessoas na capital paulista, “Mas depois ele vai tomar conta”, ameaçou o dirigente. O presidente do Comitê paulista ainda cutucou a CBF ao questionar o fato de o São Paulo ter cumprido a exigência de entregar até esta segunda-feira as garantias econômicas que viabilizariam as obras no Morumbi, mas a entidade máxima do futebol brasileiro ter estendido o prazo para que o Atlético-PR faça o mesmo. O clube paranaense ganhou mais trinta dias, segundo Carvalho.
Voltando a destacar a informação do veto ao Morumbi como uma “piada”, Caio Carvalho questionou o destino de mais um estádio na capital paulista: “Eles deveriam se preocupar com a Copa de 2010, até o Jerome Valcke (secretário geral da Fifa) disse isso. Tem um monte de gente interessada em fazer estádio em São Paulo, um segundo Engenhão”, em referência ao estádio construído para o Pan-Americano do Rio de Janeiro e que até aqui não se viabilizou economicamente.
Outra palavra repetida diversas vezes pelo dirigente na entrevista foi: “criminoso”. “É criminoso em numa cidade onde tem Morumbi, o Parque Antarctica sendo reformado, o Pacaembu e o Canindé se construir um novo estádio. Quem vai tomar conta disso? Ou vamos fazer um estádio com dinheiro público e dar de presente para alguém?”, questionou.
Também como um “piada”, Carvalho entendeu a possibilidade de o Morumbi, com investimentos de mais de R$ 260 milhões, não estar apto a receber uma partida da Copa do Mundo de 2014: “Pode até não ser aceito para abrir a Copa, mas não aceitar um projeto que vai ter cobertura do Morumbi, que bancos deram garantia que vão dar, que construtora vai dar aval?”.
Caio Carvalho ainda ressaltou que seu ponto de vista tem o respaldo dos governos estadual e municipal: “Nós temos um ex-governador (José Serra) que é contra construir um elefante branco com dinheiro publico. O atual governador, (Alberto) Goldman, não gostou das declarações do Andrés que disse que o Morumbi não é para a Copa. O (Gilberto) Kassab disse que Pirituba é para 40 mil lugares, não é para Copa”, destacou, questionando ainda de onde viria tanto dinheiro. “O estádio vai custar de R$ 600 a 800 mi, mais infra, vai a R$ 1,2 bi. Se alguém quiser investir isso para construir um estádio para 85 mil pessoas, fico feliz, mas se tiver dinheiro público, vou ser o primeiro a denunciar e cair fora”.
Para completar, Caio Carvalho, que contou que assistiu à estreia do Brasil na Copa do Mundo ao lado da presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, ainda questionou os projetos de outras capitais para receber a competição em 2014: “O Morumbi existe, mas muitos destes estádios estão na maquetes. Hoje mesmo no Rio, vendo o jogo com a Patrícia, discutimos o Maracanã. Para o Pan investiram 300 milhões, mais 600 milhões (de reais) para a Copa. Será que isso vale?”, questionou.
Fonte: UOL