Com medo, a maioria dos moradores da Avenida Giovanni Gronchi, no Morumbi, área nobre da zona sul de São Paulo, preferiu o silêncio nesta terça, 3. Bairro vizinho de Paraisópolis, o movimento no comércio caiu acentuadamente desde o início do tumulto que deixou seis feridos na segunda. “As pessoas não descem dos prédios para comprar, estão em casa vendo TV”, observou Roberto de Oliveira Filho, dono de uma banca de jornais onde as vendas caíram 60%.
No restaurante que fica na frente de um dos 16 acessos à favela, o proprietário não quis dar entrevista. Mas os poucos clientes que foram até ali almoçar notaram a diferença: às 14 horas, o bufê ainda estava praticamente intacto e os funcionários, volta e meia, espiavam na janela – com receio de novos ataques de vandalismo ou confrontos.
Os poucos moradores e comerciantes que se dispunham a falar sobre o conflito pediam mais policiamento e uma ação enérgica dos órgãos de segurança pública. No 10º andar, dos fundos de um apartamento de R$ 500 mil, a síndica Rosanna Moretti de Rezende, de 75 anos, via 85% da favela. À distância, e com as impressões de quem tem Paraisópolis como vizinho há 24 anos, ela traça um perfil do lugar. “Noventa e nove por cento dos moradores são honestos, é gente direita. O restante é bandido. Foram eles que fizeram a bagunça.”